sábado, 5 de maio de 2007

Minha terra! Minha Terra!!!


Nasci em Moçambique, numa cidade à beira mar que não tive a sorte de conhecer o suficiente para me lembrar: Pemba. Diz, quem conheceu, que a cidade era linda. Mas recordo outros sítios onde vivi com os meus pais e irmão. As minhas memórias começam em Quinga, quando tinha três ou quatro anos. Atrás da minha casa ficava o mar, no jardim um baloiço. Algures uma grande escadaria e havia também um café onde amendoins torrados se escondiam atrás do balcão. Eu sei porque ia come-los a socapa. Isto tudo sei que e verdade porque o meu pai confirmou quando, um dia, lhe perguntei com receio de ter sonhado. Não sonhei... era certo. Mais tarde mudamos para Metangula, no Lago Niassa. Deste lugar lembro muitas coisas. Quando chegávamos de avioneta, a sensação era de poisar na água. Quando fazíamos a viagem de jipe passávamos em Maniamba. Lembro esta terra pelas ruas de terra vermelha, muito limpas e pelo cheiro a eucalipto queimado em montes a beira da estrada. Sim... havia eucaliptos em Maniamba! Em Metangula estávamos rodeados de serra e água. A agua doce e ondulada do Lago Niassa. Não havia baloiço nesta casa, mas havia uma machamba com papaeiras altas que davam frutos enormes. Havia galinhas, patos, cabritos (foi aqui que vi, pela primeira vez, nascer um cabritinho), havia camaleões no mato ao lado da casa. Quando chovia, brincava com os bichinhos vermelhos de veludo que saiam de dentro da terra. Eu e o meu irmão apanhávamos todos os que podiamos para meter dentro dos carrinhos feitos de caixas de fósforos. A noite os bichinhos de veludo davam lugar aos pirilampos e os nossos carros ficavam verdes... Havia mosquitos minúsculos que nasciam no Lago. Num instante uma nuvem preta, no seguinte estavam em terra a entrar pelos nossos olhos, boca, nariz... Havia quem os apanhasse para preparar um pitéu com sabor a peixe. Perto da escola havia uma mangueira com mangas pequeninas e doces. Ate hoje estou convencida que, um dia, engoli um caroço... delírios de uma miúda de seis anos. Quando íamos ao bazar da Marinha a minha mãe levava umas chávenas para comermos os sorvetes enquanto ela fazia as compras. Eram cremosos... deliciosos... Parecidos, os do Damião em Vila Franca do Campo e os do McDonalds. Lembro o Missionário italiano da Missão... recebi a minha primeira comunhão da sua mão enrugada. Lembro-me de aprender a nadar na praia da Chiuanga (??). Areias brancas, água bem doce, ondas suaves (as vezes)... nadava como os patinhos: cabeça para baixo e rabinho para o ar! Lembro-me de brincar as casinhas com as minhas vizinhas e de cozinhar em fogões feitos com brasas que íamos buscar a padaria. Brincar com o fogo é perigoso... O meu irmão que o diga. Um dia queimou uma perna e la se acabaram os almocinhos! Recordo os embondeiros, árvores gigantes, com raizes loooongas. E o malambe?! Difícil de abrir, ácido... mas eu adorava. E nem gostava nada quando encharcavam aquelas bolinhas brancas em água e açúcar... não... ao natural é que era... Ai! Ai! Que saudades...

2 comentários:

JAIME disse...

Conheça um pouco mais de sua terra aqui-http://foreverpemba.blogspot.com/ e aqui- http://geocities.yahoo.com.br/gotaelbr/

Abraços,
Jaime

Gabriel Costa disse...

A XITILINA ÉS TU??? CRISTINA!!!
Que estupidez a minha. Um beijo e um abraço ao Paulo.
Gabriel