quinta-feira, 17 de maio de 2007

ÁFRICA

Os meus pais viveram trinta anos em Moçambique, e se não ficaram mais tempo... o tempo todo por lá, foi por temerem pelo futuro dos seus filhos.
Pensando bem... acho que o meu pai, a minha mãe talvez, mas o meu pai tenho a certeza que continuou por lá. África ficou entranhada na sua pele.
Se hoje recordo tantas coisas sei que o devo a eles porque não me deixaram esquecer.
O espírito de África permanece em mim e no resto da família.
Através da Internet e de alguns amigos posso hoje ver os lugares onde vivi, os que não pisei mas, de tanto ouvir falar, quase conheço.
Mas a verdade é que só conheço as lembranças desses sítios, e algumas nem são bem as minhas ... são mais, como que, lembranças das memórias dos meus pais e das minhas irmãs.
Tenho saudades das histórias do meu pai.
Fazem-me falta as recordações da minha mãe.
Lamento ter tardado a aventurar-me neste mundo virtual.
Se os meus pais estivessem aqui que maravilhoso seria levá-los de volta àquelas terras que conheceram... Mesmo que de uma viagem virtual se tratasse.
Que visitas guiadas poderia fazer...
Quantas histórias poderia ilustrar...
Quantas lembranças mais poderia tornar minhas...
Quantas lágrimas de felicidade ou da memória de uma felicidade poderia ver nos olhos deles?!
Com o meu pai aprendi que as lembranças são asas poderosas que nos fazem voar e nos transportam para onde queremos estar.
E as lembranças do meu pai eram tão poderosas que me levaram em muitos voos com ele.
Eram tão poderosas que deixaram de ser só dele e passaram a ser de todos os que bebiam cada palavra que dizia.
As nossas viagens ao passado acabavam sempre em África.
Os amigos que nos visitavam eram sempre patrícios.
Quando falo com outras pessoas que nasceram ou viveram em países Africanos encontro esta mesma paixão nas palavras.
Não pode ser só das pessoas... tem de ser...
ÁFRICA

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