domingo, 16 de novembro de 2008


Quando cheguei era a adolescente com mais responsabilidades que tinha conhecido até então.
Cuidava da casa e dos irmãos enquanto os adultos estavam fora.
Ajudava o mais velho com os trabalhos da escola e mimava o Junior (nome carinhoso escolhido pelos novos vizinhos/inquilinos).
Aluna exemplar, vivia com os olhos postos no futuro.
A negativa, um dia, no teste de Matemática deixou todos surpresos.
A Mãe zangou-se.
Eu zanguei-me com o rotweiler. Foi ele o culpado.
Que Irmã-Mãe assiste impotente ao ataque súbito duma besta ao seu menino e consegue um espírito objectivo para resolver um teste de Matemática?!
A besta ficou e a menina chorou.
A besta ficou e a menina pagou com a incompreensão dos que deviam protegê-la.
Cresceu nela a ideia de que tinha uma palavra a dizer no que respeitava aos irmãos e, sobretudo, ao Irmão-Filho.
Quando parti, já não era uma adolescente, era uma mulher a lutar pelo seu sonho, ainda com o olhar de esperança no futuro.
Mas ainda era uma mulher-Menina, que confundia muitas vezes o supérfluo com o essencial.
Nem sempre sabendo quando parar.
Quando soube notícias era já uma promissora estudante de enfermagem (o sonho ganhou contornos de realidade).
A verdadeira luta estava para chegar.
Chegou sem aviso e não lhe deu tempo para se preparar.
Reagiu, agiu.
Combateu muitas vezes, sei que sempre foi ponderada, mesmo quando não escolheu as armas certas.
Perdeu batalhas mas, acredito, não a guerra.
Está prestes a terminar, triunfante, mais uma batalha.
Falta o confronto final que vai ensinar-lhe que há guerras em que todos saiem vencedores por mais que percam até lá.
Hoje a Adolescente que conheci é MULHER, enche-me de orgulho e faz-me sentir honrada por me ter incluido no seu caminho.

Obrigada Micaela.

3 comentários:

Psantos disse...

Eu devo ser o mais feliz dos homens por conseguir sentir a vida que me rodeia com a tua forma de sentir e suprema forma de a transcrever. Obrigado por voltares ao "xitilina".
São pessoas como a Micaela, esta e outras, que têm feito com que saibamos, os dois, trazer mais amor para a nossa, já grande, familia e torná-la maior.
Afinal para além do amor que cultivamos mostra-se possivel que ambos possamos amar mais e mais ainda sem roubar nenhuma emoção á nossa vida, antes pelo contrario.
E que nos traga outras Micaelas que apreenderemos a amar e a tornar-nos ainda maiores.
Senhora Enfermeira, não esqueça que só sabemos dar amor a quem sabe recebe-lo e retribui-lo, pelo que a senhora Micaela, é a responsável do nosso amor de hoje.
beijos ás duas.

Um pedaço de azul... um BloGui diferente disse...

Bem, estou perfeitamente tonta com a surpresa que tiva agora. Já tinha percebido os teus dotes para a escrita, mas não os conhecia desta maneira tão profunta, límpida e translúcida. Minha querida, aqui fica o meu incentivo para continuares o teu Blog.
Tenho muitas saudades. virei com a mesma frequência com que visitava o Psantos: diariamente.
Um abraço daqueles...
bjs aos 5

Anónimo disse...

Cristina, existem pessoas que nos falam e nem as escutamos, existem pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam, mas existem pessoas (como voçês) que simplesmente aparecem em nossas vidas e nos marcam para sempre...Esta é uma verdade pura...Obrigada por aceitares fazeres parte do finalizar do meu sonho e caminhar não atrás de mim, mas sim lado a lado... Beijnho