quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Despedida


É amanhã...
Amanhã levo um dos meus rapazes para viver longe da minha vista.
Porquê?
Sempre ouvi dizer que este era o meu rapaz. O preferido da mamã. O protegido da mamã.
Devo admitir que, até hoje, não aceitei (e continuo a não aceitar) tal teoria.
Não, o Miguel não é o meu preferido mas é o que sempre me preocupou mais.
É o mais sensível, é o mais directo, diz o que pensa sem medo das consequências, não tem receio do confronto, não se acomoda, provoca...
Sabe atingir mortalmente quem o desilude.

Ainda não aprendeu que, na vida, tudo tem retorno.
A vida é como o mar, mais cedo ou mais tarde, devolve tanto de bom como de mau conforme o que lhe entregamos.
O Miguel, como qualquer criança (perdão pré-adolescente), tem vindo a descobrir que não somos todos iguais, que, por vezes, não podemos agradar a todos, não conseguimos tudo o que desejamos da forma como o imaginamos... e reagiu...
Escolheu caminhos que trouxeram maus resultados e perdeu confiança em si mesmo. Perdeu a confiança e admiração dos que antes faziam dele um super menino.
Na sua forma de ver o mundo, a sua verdade é a única. A verdade dos outros não conta.

A verdade, ou lá o que isso seja, é que o Miguel é demasiado grande para este meio em que vive. Está a acomodar-se e a perder oportunidade de mostrar o que vale. Está a escolher os caminhos que lhe dão a ilusão de ser o maior. E tem tido apoio, devo dizer, da própria mãe que não tem conseguido mostrar-lhe esta pequenês. Talvez o truque seja mostrar-lhe outros céus e deixá-lo voar.
Vai voar, o meu filho, vai voar sob o olhar atento e mais aberto do pai. Conto com a família de Lisboa (felizmente é grande e das melhores que podemos desejar) para lhe servir de rede se cair , para partilhar o ninho quando sentir falta das outras crias.
Eu vou estar por aqui... por aí... a torcer pela felicidade das crias destes ninhos.

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