Xitilina é a namorada do Patinho Feio há mais ou menos vinte anos... talvez um bocadito mais.
O Patinho Feio era um magrela que, lá no fundo já sabia que era cisne. Magrela, um pouco estrábico, asinhas curtas que se haveriam de tornar longas e poderosas.
Os seus primeiros voos já foram logo mostrando que podia ir longe. Talvez, nessa época não soubesse quão longe se elevaria no seu voo.
Mas a Xitilina viu as gentes serem tomadas de uma simpatia por este aspirante a cisne, viu muita gente de flor não mão só porque o Patinho pediu, viu lugares transformarem-se em maravilhas de uma região porque o cisne deu a conhecer o seu valor, viu outros patinhos e patinhas seguirem o seu exemplo e transformarem-se em cisnes brilhantes a voarem como nunca imaginaram que poderiam.
Para todos estes o Patinho já era cisne.
E era! Voou ainda mais alto e chegou ao lugar onde podia, pensou, finalmente parar de bater as asas.
Sentia-se lindo pela primeira vez.
E sempre, depois de cada voo, regressava ao seu lago para repousar perto da sua namorada.
A Xitilina, ao contrário do que se possa pensar, não era um patinho, muito menos um cisne. Era uma flor, um nenúfar. Mesmo assim viu todos os voos do seu amor. Acreditou em todos eles.
Nem sempre conseguiu acompanhar os rumos que o Patinho/Cisne escolheu. Não podia. Não tinha asas.
Sem asas para voar e sem voz para gritar:
"Pára! Já não estás a voar. Vais cair!"
Não conseguiu evitar a queda a pique.
O Cisne voltou a sentir-se patinho e feio enquanto caía no abismo.
Xitilina teve de crescer, as suas flores foram gigantes pela primeira vez em toda a sua vida, as suas folhas nunca haviam sido tão resistentes. Xitilina sabia que o corpo exausto do seu Patinho dependia delas para não afundar quando finalmente tocasse a água...
Não!
Desta vez não digo: "Vitória, vitória, acabou-se a história!"
Porque esta pode muito bem ser uma história de "Era uma vez..." mas não terminou...
1 comentário:
Não é uma historia, é um poema de amor!
São quase 4h da manhã. Estou cansado.
Fizeste-me chorar...
Eu vi!
Eu vivi!
Eu cai!
E tu, de facto estavas lá á espera.
Obrigado!
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