Em jeito de avaliação, um dos meus alunos disse-me:
"Hoje, eu fiz tudo quase bem!"
Gostava de poder dizer o mesmo.
O problema não está no "fiz"... nem no "tudo"... nem sequer no "quase"...
Está no "bem".
Palavrinha difícil!
terça-feira, 23 de outubro de 2007
quinta-feira, 18 de outubro de 2007
Para uns não é novidade, para outros será...
Uns gostarão de saber, outros nem por isso, outros, ainda, estar-se-ão a borrifar. De qualquer forma fica a informação: Mudei-me... outra vez!!!
Voltei a viver na grande cidade.
Afinal o Miguel já não vai ficar longe de mim por tanto tempo.
A Família de Lisboa pode respirar de alívio... mas não muito, nem por muito tempo...
Agora não serão solicitados só pelo médio mas também pelo Benjamim, que já os adoptou como seus avós, tios, primos... sei lá... às vezes acho que mesmo como pais e irmãs!
Por mim... dou-me a pensar no que será daqui para a frente: sempre a subir?!
Por enquanto acampo, acampamos todos (sempre quis experimentar).
No trabalho tacteio os espaços e os que me rodeiam.
Tudo velho e tudo novo, simultâneamente.
Estranho.
Estranho tudo... as gentes e os lugares.
Custa a crer que tenham sido um dia familiares.
Estranho as impressões porque esperei encontrar tudo como dantes e sentir tudo como dantes.
Descubro que não mudei tanto como pensava ter mudado.
Descubro que tenho de mudar mais e tornar-me, talvez, menos sensível à mudança (ridículo se pensar que sempre achei que deveria acontecer o inverso).
Amanhã?!
Há por certo um amanhã.
Como será?
"O futuro a Deus pertence", dizem alguns papagueando a sabedoria do povo.
Mas há quem ache que todos temos o nosso destino marcado.
Eu prefiro acreditar que depende de mim. Há-de ser um bom futuro. Duma forma ou de outra...será um bom futuro.
Voltei...
quarta-feira, 12 de setembro de 2007
Dádiva
Filhos...
Filhos são cadilhos, diz o povo.
Sábio, o povo.
Tantas alegrias, tanto orgulho, tanta emoção são capazes de dar.
Quando são pequeninos, muitos conseguem pressentir a dor dos outros... E aproximam-se... Acarinham... Acalmam...
Por vezes aprendem a ler sozinhos ainda antes de entrarem na escola. Que orgulho para os pais!
Fazem amigos por todos os lugares por onde passam e conseguem conservá-los por muito tempo. Quando se está longe, manter um amigo, manter o contacto, alimentar a amizade não são coisas fáceis (especialmente se somos muito jovens). Mas há jovens que conseguem.
Perceber que vivem debaixo do mesmo tecto que nós, os pais, e não conseguimos estar tão próximos como os amigos que vivem a km é terrivel. Quem são estes jovens?
Umas vezes reconhecemo-los, reconhem-nos, outras olham para nós, os pais, como se fossemos aliens e nós pensamos "quem é este jovem à minha frente?!"
Mas vamos sempre tentando compreender as mudanças (acompanhar é outra história), vamos perdoando os disparates, os abusos, as ofenças (não têm intenção, acho).
Eu, contra mim falo, sou uma "perdoadeira". Perdoo as mesmas coisas várias vezes, prometo a mim mesma que não vou perdoar mais e... dou por mim a perdoar outra vez...
Agora, pergunto: os nossos filhos fazem o mesmo esforço que nós?
Preocupam-se com o que pensamos?
Devem preocupar, por isso é que, às vezes mentem... Deve ser para nos poupar...
Porque é que não consigo acreditar nisto... Qual quê, mentem para se defenderem do "chá", do castigo...
Será que sou eu que estou a ver tudo mal?!
Não deviam, os nossos filhos, preocupar-se connosco?
Não deviam fazer um esforço para entender as nossas razões?
Será que os nossos exemplos de honestidade, compreensão, atenção, carinho é que foram parcos?
Será que já os fizemos sentir como nos fazem sentir a nós?
Injustos.
Mal amados.
Claro que já... decerteza... uma vez ou outra.
E quando demos conta disso? Pedimos desculpa? Dissemos que amavamos?
Claro que sim... uma vez ou outra.
E quando temos razão e ralhamos, castigamos tirando o que mais querem, lembramo-nos de dizer que os amamos? Mesmo que estejamos a ser baleados com balas-raiva ou bombardeados com misseis vocais... é importante dizer que a surpresa de descobrir que não são perfeitos e que cometem erros não diminui o nosso amor.
Os filhos não nos desiludem, não conseguem...
O que acontece, pelo menos comigo, é que nós nos desiludimos. Sentimos que algo falhou, que o primeiro erro foi nosso.
Mesmo assim, espero dos meus filhos a capacidade de me aceitarem como sou e de se esforçarem por tentar compreender os meus motivos.
Será que esta é uma espera longa?
Será que alguma vez vou sentir o que espero?
Cá continuo a esperar.
A eles, peço que esperem que eu consiga mostrar-lhes que são o melhor presente que alguma vez recebi.
Mas entretanto vou dizer aos meus filhos que os amo.
Despedida
É amanhã...
Amanhã levo um dos meus rapazes para viver longe da minha vista.
Porquê?
Sempre ouvi dizer que este era o meu rapaz. O preferido da mamã. O protegido da mamã.
Devo admitir que, até hoje, não aceitei (e continuo a não aceitar) tal teoria.
Não, o Miguel não é o meu preferido mas é o que sempre me preocupou mais.
É o mais sensível, é o mais directo, diz o que pensa sem medo das consequências, não tem receio do confronto, não se acomoda, provoca...
Sabe atingir mortalmente quem o desilude.
Ainda não aprendeu que, na vida, tudo tem retorno.
A vida é como o mar, mais cedo ou mais tarde, devolve tanto de bom como de mau conforme o que lhe entregamos.
O Miguel, como qualquer criança (perdão pré-adolescente), tem vindo a descobrir que não somos todos iguais, que, por vezes, não podemos agradar a todos, não conseguimos tudo o que desejamos da forma como o imaginamos... e reagiu...
Escolheu caminhos que trouxeram maus resultados e perdeu confiança em si mesmo. Perdeu a confiança e admiração dos que antes faziam dele um super menino.
Na sua forma de ver o mundo, a sua verdade é a única. A verdade dos outros não conta.
A verdade, ou lá o que isso seja, é que o Miguel é demasiado grande para este meio em que vive. Está a acomodar-se e a perder oportunidade de mostrar o que vale. Está a escolher os caminhos que lhe dão a ilusão de ser o maior. E tem tido apoio, devo dizer, da própria mãe que não tem conseguido mostrar-lhe esta pequenês. Talvez o truque seja mostrar-lhe outros céus e deixá-lo voar.
Vai voar, o meu filho, vai voar sob o olhar atento e mais aberto do pai. Conto com a família de Lisboa (felizmente é grande e das melhores que podemos desejar) para lhe servir de rede se cair , para partilhar o ninho quando sentir falta das outras crias.
Eu vou estar por aqui... por aí... a torcer pela felicidade das crias destes ninhos.
segunda-feira, 10 de setembro de 2007
De volta
Depois de um recado bem dado, decidi pegar no teclado e... teclar.
Já lá vai um tempito...
Entre uma gripe viral do meu computador, que não há meio de passar (este degraçado não tem médico de família, deve ter a mania de que é gente) e uma certa angústia, que não se limitou a vir para o jantar, sem saber que seria da minha vida profissional, o tempo foi passando e as palavras ficaram presas sei lá onde...
Mas pronto, comecei a trabalhar. O mesmo trabalho, os mesmos locais mas novos desafios.
Numa altura em que se fala de depressão provocada pelo terminar das férias e o regresso ao emprego, eu dou por mim na maior das alegrias porque chegou o primeiro dia de trabalho.
Talvez seja essa a diferença: eu tenho um emprego que entendo como trabalho.
Na minha profissão não faço todos os dias as mesmas coisas.
O trabalho que escolhi leva-me todos os dias a mundos diferentes.
No meu trabalho tenho o privilégio de aprender a ver nas trevas, a ouvir com os olhos e com a pele, a comunicar com o olhar e com todo o corpo, a pensar como uma criança que sofre por não ser aceite, a sentir como um dependente, a celebrar a água que corre numa torneira ou a luz que se acende como se de bençãos se tratasse...
Acima de tudo, permite-me conhecer seres humanos maravilhosos e perceber que a riqueza está na diferença. Que aprenderíamos uns com os outros se fossemos todos iguais?
É difícil? É.
É desgastante? É.
É frustrante? Ás vezes.
É emocionante? É.
É compensador? Muitas vezes.
Basta-me para dizer:
MENINOS, VOLTEI!
segunda-feira, 18 de junho de 2007
segunda-feira, 11 de junho de 2007
Lar, doce lar...
Há quem sonhe com uma casa para morar e outra para passar as férias.
Há quem tenha uma casa para morar e outra para passar as férias (poucos, já se sabe).
Há muito, muito tempo, sonhei com a minha casa.
A minha casa seria pequena e nela viveria apenas eu. Teria flores nas janelas e um jardim com um roseiral.
Há menos tempo, sonhei com a minha casa.
Viveria numa roulote e pousaria onde me apetecesse, de preferência sempre perto de um jardim com um roseiral. Continuaria a viver só.
Há menos tempo ainda, sonhei com a minha casa.
Não importava onde seria, não importava se teria flores nas janelas ou jardins por perto, não era importante o tamanho. Importante era viver nela com alguém.
Nunca vivi sozinha numa casa com flores nas janelas, nem numa casa com rodas...
Mas vivi numa casa, em lugares sempre diferentes, quase sempre perto de jardins sem roseiras, algumas vezes sem flores nas janelas, nunca sozinha.
E fui feliz...
Há demasiado tempo que tenho duas casas, moro nas duas, mas gostaria de demorar apenas numa.
Hoje sonhei com a minha casa.
Não importa onde será, não importa se terá flores nas janelas ou um jardim com roseiras.
Não importa o tamanho, terá, apenas, de ser suficientemente grande para albergar a minha felicidade, ou seja, a minha família e os amigos.
sexta-feira, 25 de maio de 2007
Reflexo
Quando a vida não é como gostaríamos que fosse, quando as pessoas à nossa volta não nos entendem, quando não nos dão as respostas que gostaríamos, que fazer?!
Procurar culpas ou desculpas, não resolve o nosso problema.
Tentar fazer os outros sofrer porque sofremos, não trás vantagens.
Se não nos sentimos bem, não será porque o problema esta em nós?
Em vez de perdermos tempo com pequenas coisas que só nos afundam ainda mais, porque não mudar de atitude?
Por vezes perdemos anos a esperar que alguém nos compreenda, alguém que nos aceite como somos, alguém que nos ofereça a felicidade. Nem damos conta que esse alguém é aquele que o espelho reflecte... nos próprios.
A verdadeira felicidade está em nós. Mas todos precisamos de nos sentir amados.
Quando conseguimos perceber quem somos é mais fácil amarmo-nos e deixarmo-nos amar.
Enquanto insistirmos em procurar-nos nos outros perderemos a oportunidade de nos conhecermos.
Tantas vezes achamos importante ser reconhecido como igual.
Igual a quê?
Igual a quem?
Não temos de ser iguais.
A grande riqueza do universo reside na diversidade.
As diferenças não impedem as relações (sejam de que tipo forem). É o desrespeito pelas diferenças que as mata.
Por isso, deixemo-nos de tretas!
Não é magoando alguém que lhe mostramos a dimensão do sentimento (supostamente bom) que carregamos connosco.
Esse sentimento não é... não pode ser bom... nem para nós nem para o outro.
Não nos amamos ou respeitamos quando o que fazemos irreflectidamente (ou não?!) fere os sentimentos dos outros.
Jesus dizia: "Ama o teu próximo como a ti mesmo"
Partia do princípio de que todo o ser humano sabe amar-se.
E quando não sabe?!
quinta-feira, 24 de maio de 2007
Xitilina e o Patinho Feio
Xitilina é a namorada do Patinho Feio há mais ou menos vinte anos... talvez um bocadito mais.
O Patinho Feio era um magrela que, lá no fundo já sabia que era cisne. Magrela, um pouco estrábico, asinhas curtas que se haveriam de tornar longas e poderosas.
Os seus primeiros voos já foram logo mostrando que podia ir longe. Talvez, nessa época não soubesse quão longe se elevaria no seu voo.
Mas a Xitilina viu as gentes serem tomadas de uma simpatia por este aspirante a cisne, viu muita gente de flor não mão só porque o Patinho pediu, viu lugares transformarem-se em maravilhas de uma região porque o cisne deu a conhecer o seu valor, viu outros patinhos e patinhas seguirem o seu exemplo e transformarem-se em cisnes brilhantes a voarem como nunca imaginaram que poderiam.
Para todos estes o Patinho já era cisne.
E era! Voou ainda mais alto e chegou ao lugar onde podia, pensou, finalmente parar de bater as asas.
Sentia-se lindo pela primeira vez.
E sempre, depois de cada voo, regressava ao seu lago para repousar perto da sua namorada.
A Xitilina, ao contrário do que se possa pensar, não era um patinho, muito menos um cisne. Era uma flor, um nenúfar. Mesmo assim viu todos os voos do seu amor. Acreditou em todos eles.
Nem sempre conseguiu acompanhar os rumos que o Patinho/Cisne escolheu. Não podia. Não tinha asas.
Sem asas para voar e sem voz para gritar:
"Pára! Já não estás a voar. Vais cair!"
Não conseguiu evitar a queda a pique.
O Cisne voltou a sentir-se patinho e feio enquanto caía no abismo.
Xitilina teve de crescer, as suas flores foram gigantes pela primeira vez em toda a sua vida, as suas folhas nunca haviam sido tão resistentes. Xitilina sabia que o corpo exausto do seu Patinho dependia delas para não afundar quando finalmente tocasse a água...
Não!
Desta vez não digo: "Vitória, vitória, acabou-se a história!"
Porque esta pode muito bem ser uma história de "Era uma vez..." mas não terminou...
quinta-feira, 17 de maio de 2007
ÁFRICA
Os meus pais viveram trinta anos em Moçambique, e se não ficaram mais tempo... o tempo todo por lá, foi por temerem pelo futuro dos seus filhos.
Pensando bem... acho que o meu pai, a minha mãe talvez, mas o meu pai tenho a certeza que continuou por lá. África ficou entranhada na sua pele.
Se hoje recordo tantas coisas sei que o devo a eles porque não me deixaram esquecer.
O espírito de África permanece em mim e no resto da família.
Através da Internet e de alguns amigos posso hoje ver os lugares onde vivi, os que não pisei mas, de tanto ouvir falar, quase conheço.
Mas a verdade é que só conheço as lembranças desses sítios, e algumas nem são bem as minhas ... são mais, como que, lembranças das memórias dos meus pais e das minhas irmãs.
Pensando bem... acho que o meu pai, a minha mãe talvez, mas o meu pai tenho a certeza que continuou por lá. África ficou entranhada na sua pele.
Se hoje recordo tantas coisas sei que o devo a eles porque não me deixaram esquecer.
O espírito de África permanece em mim e no resto da família.
Através da Internet e de alguns amigos posso hoje ver os lugares onde vivi, os que não pisei mas, de tanto ouvir falar, quase conheço.
Mas a verdade é que só conheço as lembranças desses sítios, e algumas nem são bem as minhas ... são mais, como que, lembranças das memórias dos meus pais e das minhas irmãs.
Tenho saudades das histórias do meu pai.
Fazem-me falta as recordações da minha mãe.
Lamento ter tardado a aventurar-me neste mundo virtual.
Se os meus pais estivessem aqui que maravilhoso seria levá-los de volta àquelas terras que conheceram... Mesmo que de uma viagem virtual se tratasse.
Que visitas guiadas poderia fazer...
Se os meus pais estivessem aqui que maravilhoso seria levá-los de volta àquelas terras que conheceram... Mesmo que de uma viagem virtual se tratasse.
Que visitas guiadas poderia fazer...
Quantas histórias poderia ilustrar...
Quantas lembranças mais poderia tornar minhas...
Quantas lembranças mais poderia tornar minhas...
Quantas lágrimas de felicidade ou da memória de uma felicidade poderia ver nos olhos deles?!
Com o meu pai aprendi que as lembranças são asas poderosas que nos fazem voar e nos transportam para onde queremos estar.
E as lembranças do meu pai eram tão poderosas que me levaram em muitos voos com ele.
Eram tão poderosas que deixaram de ser só dele e passaram a ser de todos os que bebiam cada palavra que dizia.
As nossas viagens ao passado acabavam sempre em África.
Os amigos que nos visitavam eram sempre patrícios.
Quando falo com outras pessoas que nasceram ou viveram em países Africanos encontro esta mesma paixão nas palavras.
Não pode ser só das pessoas... tem de ser...
ÁFRICA
quinta-feira, 10 de maio de 2007
Lamentos
Hoje choro pelo Ontem.
Não lamento os caminhos percorridos, mas os motivos que me levaram a percorre-los.
Não lamento alguns encontros, mas lamento os desencontros.
Não lamento os sentimentos, mas lamento a razão que ignorei.
Não lamento as ilusões, mas lamento as desilusões.
Não lamento os gritos, mas lamento os silencios.
Não lamento ter condescendido pelos outros, lamento ter sido pouco condescendente comigo.
Não lamento ter estado lá pelos outros, lamento ter estado pouco por mim.
Devia ter pensado mais...
Devia ter escutado mais...
Devia ter gritado mais...
Devia ter agido mais...
Devia ter sonhado menos...
Não lamento os caminhos percorridos, mas os motivos que me levaram a percorre-los.
Não lamento alguns encontros, mas lamento os desencontros.
Não lamento os sentimentos, mas lamento a razão que ignorei.
Não lamento as ilusões, mas lamento as desilusões.
Não lamento os gritos, mas lamento os silencios.
Não lamento ter condescendido pelos outros, lamento ter sido pouco condescendente comigo.
Não lamento ter estado lá pelos outros, lamento ter estado pouco por mim.
Devia ter pensado mais...
Devia ter escutado mais...
Devia ter gritado mais...
Devia ter agido mais...
Devia ter sonhado menos...
sábado, 5 de maio de 2007
Vida
A vida é feita de sensações e de memórias de sensações. Tenho um amigo que insiste em lembrar as más baseado em datas, como se pensasse: “Hoje é dia de sentir aquilo outra vez.” Quando lembra as boas é com uma saudade tão triste que chega a incomodar. E precisa de ajuda para recordar quando aconteceram. A minha memória prende-se a acontecimentos, ao contrário desse amigo, não fixo datas. Não esqueço as coisas que me magoaram profundamente, mas tenho dificuldade em lembrar quando aconteceram. A não ser quando as datas estão coladas a outros acontecimentos, como o nascimento de um filho ou datas festivas que somos obrigados a lembrar por força das circunstâncias. Também não esqueço as coisas boas que me aconteceram, mas mais uma vez se coloca a questão das datas. As datas não têm valor para mim. Já as emoções perduram para sempre. E como são sensações sentem-se na pele e deixam cicatrizes. As cicatrizes avivam-nos os sentimentos e, portanto, nao importa quando foram provocadas. Ao roçarmos uma cicatriz sentimos outra vez aquilo que a provocou... e revivemos. Nada do que é realmente importante, nada do que nos fez verdadeiramente felizes, nada do que nos magoou se esquece. Estas coisas são aquilo que somos hoje. Não é importante saber quando nos tornamos naquilo que somos. Importante será, talvez, saber como, porquê... Que me perdoem os amigos por não lembrar as datas dos seus aniversários... Lembro como os conheci, em que circunstâncias... Lembro coisas que sentimos juntos... Lembro-os... por muito tempo que passe e os kilometros nos afastem... Lembro-os... mesmo que nunca os tenho tocado... Lembro tudo o que passou por mim e me fez SENTIR.
Acne
Será que o acne é um mal obrigatório na vida das pessoas? Eu nunca tive acne quando tinha idade para o ter. Será que não há uma idade própria para sofrer deste mal? É que agora, aos 40, a minha pele surge muitas vezes com pequeninos aliens que esperava, sinceramente, não vir a conhecer. Será que é o corpo a tentar acompanhar o espírito?! Aos 13 anos ainda brincava ao faz de conta e ás vezes com bonecas, o que não é comum hoje em dia. Aos 18 tinha já mais maturidade do que a maior parte das raparigas de 25 que conheço hoje. Terá sido por isso que não tive as borbulhinhas tão odiadas? Será que já nessa altura o corpo me dava sinais?! Haverá uma relação tao íntima entre o físico e a mente?! Hoje, olho à minha volta e vejo que grande parte das amigas da minha idade parecem muito mais velhas (falo do espírito, claro) do que eu. Fui eu que cresci devagar?! Elas não têm acne!!! Nunca usei cremes, bases e outras coisas que tais. Terá sido a falta destas papas o que retardou o aparecimento das malfadadas borbulhas?! Será que os meus poros resolveram reclamar mais atenção?! Hoje uso, quase sempre. Melhora um bocadito o aspecto... mas nao me fazem voltar a ter 18 anos. Nao vale a pena tentar transformar esta prosa numa poesia. Há que enfrentar a realidade. Sou uma mulher de quarenta anos com borbulhas na cara. ... Também sou mãe de um adolescente e de um pre-adolescente. Pois, pois... Pode ser... Chama-se solidariedade (o facto de ter borbulhas, claro)! ... Nahhhh!!! Sou mesmo uma mulher mãe de quarenta anos com acne.
Parvoices...ou talvez não
O que é uma relação aberta? Alguém me explica? Há alguma relação fechada a contrapor? Porque é que enfeitam a cabeça dos traidos pelos companheiro(a)s com chifres? Tanto quanto sei os animais com cornos nao têm culpa. Há até quem use essas protuberâncias como troféu. E as exiba com orgulho. Eu até nutro uma especial simpatia por vacas... e mais especial ainda por carneiros! Que história é esta de não afirmarmos a nossa orientação sexual de forma clara? No Hi5 muitos de nos dizemos: digo-te depois. Depois quando?! Quando nos encontrarmos? Quando... o quê?! Contra mim falo. Quando muito poderiamos dizer: não vos diz respeito. Mas essa e uma opção nao válida. Poderiamos simplesmente ignorar a questão. E... podemos sempre dizer a verdade. Não há melhor forma para dizer: assunto meu. Respeitem. E que me dizem desta nova forma de linguagem escrita que muitos já adoptaram para comunicar através de sms, dos comentários no Hi5, no messenger... É para poupar tempo? É para poupar espaço? Para poupar os teclados não é concerteza. Já repararam que as mesmas teclas sao usadas vezes sem conta? E há outras, em contrapartida, que nunca são tocadas... e discriminação... no mínimo! Já para não falar da dificuldade (para não dizer impossibilidade) em decifrar a mensagem. Ahhhh! É esse o objectivo?! Não me tinha ocorrido!! Claro que os prejuízos que daqui advem na aquisição de competências ao nível da leitura e da escrita, nem vale a pena analizar. Por outro lado, podemos sempre considerar esta habilidade linguística como o nascimento de um dialecto. Mas sabemos, infelizmente, o que acontece, mais cedo ou mais tarde, aos dialectos... Voltando a questão da descodificação. Conseguir decifrar o conteúdo duma destas mensagens exige um esforço cognitivo consideravel... e isto pode bem ser entendido como bastante positivo. Ao fim de um tempo, conseguimos até decifrar mensagens em línguas que não dominamos. Isto so pode ser bom. Mas se encontrarmos um desses amigos frente a frente, que faremos?! LOL!!!!
Minha terra! Minha Terra!!!
Nasci em Moçambique, numa cidade à beira mar que não tive a sorte de conhecer o suficiente para me lembrar: Pemba. Diz, quem conheceu, que a cidade era linda. Mas recordo outros sítios onde vivi com os meus pais e irmão. As minhas memórias começam em Quinga, quando tinha três ou quatro anos. Atrás da minha casa ficava o mar, no jardim um baloiço. Algures uma grande escadaria e havia também um café onde amendoins torrados se escondiam atrás do balcão. Eu sei porque ia come-los a socapa. Isto tudo sei que e verdade porque o meu pai confirmou quando, um dia, lhe perguntei com receio de ter sonhado. Não sonhei... era certo. Mais tarde mudamos para Metangula, no Lago Niassa. Deste lugar lembro muitas coisas. Quando chegávamos de avioneta, a sensação era de poisar na água. Quando fazíamos a viagem de jipe passávamos em Maniamba. Lembro esta terra pelas ruas de terra vermelha, muito limpas e pelo cheiro a eucalipto queimado em montes a beira da estrada. Sim... havia eucaliptos em Maniamba! Em Metangula estávamos rodeados de serra e água. A agua doce e ondulada do Lago Niassa. Não havia baloiço nesta casa, mas havia uma machamba com papaeiras altas que davam frutos enormes. Havia galinhas, patos, cabritos (foi aqui que vi, pela primeira vez, nascer um cabritinho), havia camaleões no mato ao lado da casa. Quando chovia, brincava com os bichinhos vermelhos de veludo que saiam de dentro da terra. Eu e o meu irmão apanhávamos todos os que podiamos para meter dentro dos carrinhos feitos de caixas de fósforos. A noite os bichinhos de veludo davam lugar aos pirilampos e os nossos carros ficavam verdes... Havia mosquitos minúsculos que nasciam no Lago. Num instante uma nuvem preta, no seguinte estavam em terra a entrar pelos nossos olhos, boca, nariz... Havia quem os apanhasse para preparar um pitéu com sabor a peixe. Perto da escola havia uma mangueira com mangas pequeninas e doces. Ate hoje estou convencida que, um dia, engoli um caroço... delírios de uma miúda de seis anos. Quando íamos ao bazar da Marinha a minha mãe levava umas chávenas para comermos os sorvetes enquanto ela fazia as compras. Eram cremosos... deliciosos... Parecidos, só os do Damião em Vila Franca do Campo e os do McDonalds. Lembro o Missionário italiano da Missão... recebi a minha primeira comunhão da sua mão enrugada. Lembro-me de aprender a nadar na praia da Chiuanga (??). Areias brancas, água bem doce, ondas suaves (as vezes)... nadava como os patinhos: cabeça para baixo e rabinho para o ar! Lembro-me de brincar as casinhas com as minhas vizinhas e de cozinhar em fogões feitos com brasas que íamos buscar a padaria. Brincar com o fogo é perigoso... O meu irmão que o diga. Um dia queimou uma perna e la se acabaram os almocinhos! Recordo os embondeiros, árvores gigantes, com raizes loooongas. E o malambe?! Difícil de abrir, ácido... mas eu adorava. E nem gostava nada quando encharcavam aquelas bolinhas brancas em água e açúcar... não... ao natural é que era... Ai! Ai! Que saudades...
Pensamentos
"Se nos apegamos tanto ás coisas e ás pessoas, quando elas partirem não partirá também uma parte de nós? É muito melhor nos apegarmos a pensamentos para sempre do que aquilo que agora está aí e que, um instante depois pode desaparecer." Richard Bach
O Favorito
Desejei aos amigos um fim de semana louco... desejo que se divertam... que "farrem" muito... Partilhem os vossos tempos com os amigos porque não há nada melhor. Mas isso vocês já sabem. Do meu... nem sei se fale!!! Nahh.. É melhor não. Mas o próximo vai ser de arromba. Vou estar com alguém muito especial que não vejo há muito, muito tempo. E que vem MESMO para me ver (há sensação melhor?). Vou conhecer a sua família. Vou beber um vinho... e... talvez não dizer nada. Afinal?! Que há para dizer?
Amizade
Fazem-me falta os amigos. Sei que os que são amigos verdadeiros estão presentes em espírito, torcem por mim nas horas difíceis, não esquecem e não são, por certo, esquecidos... Mas a verdade é que sinto falta do contacto físico, de partilhar os mesmos espaços, de beber um copo, de dançar, de conversar ouvindo as suas vozes, de jogar um king, de olhar nos olhos. Era assim antes... A casa sempre cheia, a mesa parecia pequena mas havia sempre lugar para mais um... Habituei-me a partilhar tudo com quem vinha... e vinha sempre alguém! Hoje sinto-me mais só, que me perdoem os filhos mas nem só deles dependemos para ser felizes, tal como os meus sabem já que ter amigos é fundamental. Cultivam esse saber, partilham também os seus tempos e espaços com os deles. Acho que sinto, acima de tudo, falta dos amigos quando me sinto bem, quando há motivos para celebrar ou... de não fazer nada a não ser... estar.
Eu sei que também já fui adolescente
Filhos... num dia conhecemos bem estes seres que partilham connosco espaços, objectos, emoções, descobertas maravilhosas, amigos, dificuldades, angústias, alegrias... noutro despedem-se de nós com um beijo, saiem e quando voltam são outros. Nós previmos as mudanças, imaginamos como seriam quando fossem maiores... mas perceber que já aconteceu é duro. Quando foi, que não vimos? Então, nao avisam?! E agora? Ainda por cima há coisas de que não gosto lá muito: os penteados, a moda das calças ao fundo do rabo, as camisolas dois numeros acima, as respostas rápidas seguidas de perguntas que não são mais que manobras de diversão, a escola que passa a ser um ponto de partida para actividades muuuiiiito extracurriculares. Só resta esperar que não esqueçam do que ensinamos acerca do respeito pelos outros e acima de tudo do respeito por si próprios...
Então e as VACAS????
Ontem esqueci-me de falar das vacas... esses animais que enfeitam as encostas dos montes açoreanos. Até delas tenho saudades... embora as prefira ao looonge... são criaturas problematicas. Mas, embora com alguma dificuldade, já perdoei uma certa vaca que se apaixonou pelo meu carro e lhe deu um valente encosto, e uma outra aspirante a vaca (vulgarmente conhecida por vitela) que, ainda em fase de aprendizagem, pensou que depois de subir poderia descer com facilidade, esquecendo-se que descer e mais difi
ícil e a maior parte das vezes as descidas acabam em valentes escorregadelas...a essa só tenho de desculpar o susto. Não fosse o meu carro no caminho...não sei, nao... não fosse ela uma aspirante... e não sei se perdoaria... Mas, enfim... as vacas tinham de ser lembradas.
29janeiro2007
ícil e a maior parte das vezes as descidas acabam em valentes escorregadelas...a essa só tenho de desculpar o susto. Não fosse o meu carro no caminho...não sei, nao... não fosse ela uma aspirante... e não sei se perdoaria... Mas, enfim... as vacas tinham de ser lembradas.
29janeiro2007
Mentira
É mentira que a saudade mata. A saudade faz-nos recordar o que foi bom. Hoje passei-me, fiquei triste e liguei o rádio e ouvi musicas dos meus tempos de ouro (todos temos um tempo que é de ouro). Foi fantástico, os miudos nao acharam muita piada mas condescenderam e não mudaram para a rádio cidade. Mais tarde, alguns afazeres domésticos e lutas com os sonos do Tomás e do Miguel mais tarde, consegui vir à net. Fui pesquisar... Achei as Capelas e recordei... Essa terra que me acolheu quando, sem saber se tinha feito a escolha certa, cheguei para trabalhar. Quando voltei, trouxe comigo o cheiro que detestei durante tanto tempo mas que hoje, sempre que sinto, me tras memórias valiosas. Terra que foi a primeira a ver os meus rapazes apaixonados. Terra que foi a primeira do Tomás. Terra que me viu levantar e começar de novo. Que saudades... Saudades do cheiro mau e dos cheiros bons , da luz diferente todos os dias, da paisagem de cortar a respiração, da pimenta da terra, da morcela com ananás, do pé de torresmo, da broa da Antonieta, do convívio no Larico, das Amigas, das Comadres, do Espírito Santo, do Fervedouro da Dina, do recheio de D. Senhorinha, do inhame, do riso do Aires Jr, do Halloween, do cherne, das canções entre amigos a volta da mesa... saudades, sobretudo, da sensação de integração plena. E digam lá se a saudade mata?! Nós é que temos de matar a saudade... recordando.
28janeiro2007
28janeiro2007
Tomás
O Tomás não escolheu o dia para nascer. Eu fiz essa escolha por ele. E escolhi o dia mais curto no ano com a noite mais longa. Porquê?! Não sei. Sei que percebi, depois do seu nascimento, que a minha vida estava envolta nas trevas. Sei que o Tomás foi a luz que me ajudou a ver por onde ia. Sei que foi o farol que me orientou. Sei que é, até hoje, o fogo que aquece e ilumina esta família nas horas mais duras.
PARABÉNS TOMÁS
21 Dezembro 2006
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